quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Artigos

Artigos sobre tecnologia e sociedade

“As tecnologias não são boas ou más. Depende do uso que você faz delas.” A frase, na introdução do livro Tecnologia e Educação – As mídias na prática docente, organizado por Wendel Freire, traduz bem com que temas o leitor vai se deparar nas páginas seguintes.Os autores convidam o leitor a refletir sobre como a escola tem disponibilizado aparelhos e tecnologias a seu público, por exemplo, e se está debatendo e/ou procurando entender como essa evolução tecnológica gera transformações na sociedade.
O artigo de Valter Filé, por exemplo, faz um passeio pela evolução das tecnologias ao longo do tempo, discute as relações entre cultura oral e escrita, a chegada das mídias eletrônicas... sempre na perspectiva de que não adianta colocar em uso todos os meios ou criticá-los, sem conhecer suas nuances e refletir sobre seus usos e a quem se destina. Ou seja, levar em conta o contexto desse uso e o enorme potencial transformador que as tecnologias possuem.
Dimmi Amora, por sua vez, questiona se o professor está preparado para ser dono de um meio de comunicação. Ele lembra que a evolução das comunicações de massa está diretamente ligada à evolução da humanidade e que hoje os meios que surgem, já carregam a possibilidade de interação entre o produtor de conteúdo e o público a quem se destina suas mensagens.
Ou seja, hoje, “a participação de quem recebe a mensagem é elemento constituidor da própria mensagem”. Todos nós somos produtores em potencial de um site, um blog, uma revista, um jornal....Isso aumenta nossa responsabilidade pelo que produzimos, visto que seu alcance é bem maior.
Os professores devem preparar seus alunos, portanto, para enquanto audiência saberem a melhor maneira de criar produtos para os meios de comunicação, serem críticos em relação a eles, mas ao mesmo tempo saberem o que querem e o que fariam com um veículo na mão, aproveitarem as possibilidades que eles oferecem.
A autora afirma que a esperança, talvez única, para uma profunda transformação na produção dos meios de comunicação é a escola. E que aprender televisão, por exemplo, deve ser considerado tão importante quanto aprender literatura. A partir do momento em que estudantes aprendem sobre os meios e a produzir para os meios, tornam-se indivíduos mais responsáveis não só com a escola, como com a sociedade em volta dela.
Na mesma linha, Wendel Freire reflete sobre a presença maciça e veloz das informações na nossa sociedade e como estamos (ou não) processando essas informações e transformando-as (ou não) em conhecimento. Citando Sêneca, Wendel ressalta que “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir” e que temos que estar preparados para lidar com essa velocidade midiática.
Segundo o autor, uma das maneiras é trabalhar com os meios de comunicação nas escolas. Não apenas como recurso pedagógico, mas como objeto de estudo, “para que os jovens tenham uma compreensão menos superficial de sua época, da influência midiática no jogo democrático, no discurso ideológico e no consumo”. Para Wendel, qualquer projeto de sociedade e de educação deve levar em conta a mídia enquanto espaço público.
O artigo revela ainda uma pesquisa feita pelo autor junto a alunos de 5ª série de uma escola pública do Rio de Janeiro, que tiveram a oportunidade de conhecer o processo de produção de um jornal, debateram sobre mídia e, por fim, fizeram uma aula-passeio em sua comunidade adotando a postura de repórteres, fotografando e registrando tudo. O final da experiência foi a produção de um jornal produzido pelos alunos e que acabou sendo um exercício de reflexão crítica sobre a mídia e a sociedade.
Lígia Silva Leite estimula uma reflexão sobre diferentes momentos da cultura e como eles impactaram a forma de elaborar e representar o conhecimento. Ela defende que os educadores se perguntem de qual maneira querem que a mídia deve ser integrada ao processo pedagógico e, ao mesmo tempo, sugere que não seja de uma forma tecnicista, como mero recurso de apoio.
A autora defende que os educadores devem interagir com a mídia sem cobrança educativa, mas a partir de sua adequação à proposta pedagógica em questão, integrando-a ao processo educativo em consonância com a abordagem da tecnologia educacional. Além disso, ressalta que a escola de hoje deve ser “problematizadora, desafiadora, agregadora de indivíduos pensantes que constroem conhecimento colaborativamente e de maneira crítica. Nessa perspectiva o educador deve ser mais do que nunca um “estimulador, coordenador e parceiro do processo de ensino e aprendizagem e não mais um transmissor de conhecimento fragmentado em disciplinas”.
O livro traz ainda artigos de Marcos Silva analisando o aluno da geração digital, que tem levado a atitude para dentro da escola e exigido uma nova sala de aula e Edméa Oliveira Santos, que fala da aprendizagem em um ambiente interativo e espaço de autoria e co-autoria e da possibilidade de diálogos através de blogs ou outras interfaces digitais. E destaca a WebQuest, “atividade coletiva baseada na pesquisa orientada, em que quase todos os recursos e as fontes utilizadas para o desenvolvimento da atividade são provenientes da web”.
Ela estimula, porém, que os educadores criem projetos pedagógicos utilizando as possibilidades tecnológicas e comunicacionais, mas sempre levando em conta a interatividade.

Comunicação, Novas Tecnologias e Televisão
Por Daniela Costa Ribeiro
Atualmente, as formas de comunicação de massa estão baseadas principalmente em tecnologias digitais. Isso se deve as facilidades de operação e uso desse padrão de processamento de informação, bem como a redução dos custos das tecnologias digitais ao longo das últimas décadas. Com o aumento dos usuários da Internet, bem como a melhoria da qualidade da sua infra-estrutura de comunicação, novas aplicações foram possibilitadas nessa rede. Verifica-se assim que a infra-estrutura Internet encontra-se em um novo estágio de desenvolvimento, onde a integração de mídias de voz, vídeo e dados fundamenta novos serviços de comunicação aos seus usuários. Dessa forma, comunicações interativas e em tempo real implicam em novos padrões de comunicação de massa, alterando a forma como as informações são obtidas e processadas pela sociedade. A exemplo da obra de F. CAPRA, estudos anteriores já abordaram o impacto dessas novas tecnologias a partir da análise dos aspectos econômicos, políticos, sócio-culturais e ecológicos, levantada Porém, encontramos um número reduzido de estudos que tratam especificamente dos impactos causados por essas novas tecnologias de comunicação interativa no modo de se fazer televisão atualmente. Em emissoras de televisão tradicionais, soluções interativas e sob demanda podem ser utilizadas, fornecendo serviços inovadores a esse setor de comunicação. É exatamente sobre esse aspecto que este artigo argumenta. As novas tecnologias de comunicação multimídia não só agregam serviços inovadores ao modo de ser fazer televisão atualmente, como também fortalecem pequenas emissoras de TV, com a redução de custos de operação e a possibilidade de fornecimento de novos serviços aos seus usuários. O artigo está organizado em quatro seções que contém a explanação teórica sobre o assunto e descreve as perspectivas do emprego do novo paradigma de comunicação abordado na televisão. Por fim, são apresentadas as conclusões deste artigo.

Reflexões sobre os estudos de recepção: a relação da mídia dentro da sociedade contemporânea
Por Denise Cortez da Silva Accioly
Trata-se de uma reflexão sobre os estudos os estudos de recepção, tendo como foco os produtos midiáticos inseridos na sociedade atual. O estudo da recepção busca construir uma análise integral do consumo entendido como o conjunto dos processos sociais de apropriação dos produtos, inclusive os simbólicos. O espaço para reflexão sobre o consumo desloca-se para a área das práticas cotidianas. Daí decorre uma nova concepção de leitura que oferece um espaço de negociação de sentidos entre o emissor e o receptor. A recepção é um conceito fundamental na obra de Martín-Barbero. Com ele inaugura-se uma linha teórica que vai constituir a mais original contribuição latino-americana para o estudo da comunicação. O receptor não é um sujeito passivo que recebe as informações de maneira estática, mas é um sujeito dinâmico, questionador e criativo, cuja iniciativa está marcada pela complexidade da vida cotidiana, que vai proporcionar-lhe a produção de sentidos na relação com os meios. Enquanto as teorias críticas destacam o caráter despolitizado e sem significação da vida cotidiana, por não estar inscrito diretamente na estrutura de produção, Martín-Barbero enfatiza a importância da vida cotidiana como possibilidade de uma nova leitura dos meios.

Ler televisão em Sergipe: um estudo das contribuições do curso TV na escola e os desafios de hoje na fundamentação das formas de uso e leitura da televisão
Por Florisvaldo Silva Rocha
Poder fazer uma leitura crítica da televisão, conhecendo as suas estratégias de ação e (re) produção é urgente no mundo de hoje. Nesse sentido, várias iniciativas vêm sendo operacionalizadas no Brasil, dentre elas o Curso TV na Escola e os Desafios de Hoje, que surge em outubro de 2000 na tentativa de cumprir a tarefa, específica, de capacitar os profissionais de educação das instituições públicas de ensino do Brasil, a uma leitura crítica da televisão e, conseqüentemente, contribuir para a formação de consciência crítica da sociedade sobre as novas tecnologias e sua relação com a educação. Passados quase 5 (cinco) anos de sua implantação, esta pesquisa, com base na abordagem qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas, tem como objetivo geral, conhecer e analisar as contribuições deste curso, na fundamentação das atuais formas de uso e de leitura da televisão dos professores do ensino fundamental e médio das escolas públicas do estado de Sergipe, onde ele foi desenvolvido até o ano de 2004 e envolveu, nas 4 (quatro) edições, um total de 1099 (mil e noventa e nove) cursistas. Apoio financeiro CAPES.


Redes de Educação Ambiental: Uma proposta pedagógica para um mundo entrelaçado
Por Néri Andréia Olabarriaga Carvalho
As Redes de Educação Ambiental - EA, especialmente as eletrônicas, apesar de ainda virgens em nossa cultura, têm se multiplicado e causado impactos significativos na mobilização e na difusão de informações. Quando se fala em Rede, se pode ter um amplo conjunto de símbolos, imagens e conceitos em uma enorme teia que perpassa os movimentos sociais, pautados em princípios que contribuem para a emergência do indivíduo cidadão. Elas cristalizam narrativas da nação, origens e tradições, com o objetivo de trazer reflexões que levem o indivíduo, singular ou coletivo, ao enriquecimento cultural, à qualidade de vida e à preocupação com o equilíbrio ambiental. Educam para a diversidade, para a sustentabilidade e lançam sobre o indivíduo uma visão de mundo melhor. Com este pano de fundo, o presente trabalho tem como núcleo central investigar as narrativas que sustentam, estruturam e conectam o diálogo dos grupos pertencentes à Rede de EA e com a Rede (Internet), sob a mediação organizacional das Redes de EA. Abordaremos as relações sociais e individuais durante encontros presenciais e virtuais, objetivando verificar a dimensão pedagógica dessas Redes. A estratégia metodológica adotada reflete e recorta o objeto em: 1) REARN- Rede de EA do Rio Grande do Norte, por estar em fase de implementação; 2) REA/PB – Rede de EA da Paraíba, por obter resultados e experiências significativas; 3) REBEA – Rede Brasileira de EA, por ser a mais antiga em formação. Como referencial teórico-metodológico, de forma a validar os referidos dados e consolidar o estudo, utilizaremos inicialmente a análise documental das principais fontes que norteiam o interesse das problemáticas ambientais, a pesquisa é exploratória e se apóia na Teoria da Comunicação e das Representações Sociais e em uma releitura de Paulo Freire.


Mídia-Alerta: Um monitoramento da mídia impressa local quanto à cobertura diária em Educação e Saúde
Por Márcia Cristina Ferreira de Azevedo Silva
O trabalho em questão é resultado dos estudos realizados dentro da linha de pesquisa Processos Socioculturais e de Significação, do projeto Mídia-Alerta, desenvolvido na base de pesquisa Grupos de Estudo de Mídia, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O objetivo de sua elaboração é a demonstração da apuração jornalística impressa local realizada sobre os temas relacionados às políticas públicas na área de Educação. A pesquisa tem como foco o monitoramento dos processos que compõem a notícia, desde a escolha dos assuntos abordados, passando pela eleição das fontes existentes na construção do discurso, as características de edição, bem como o desdobramento dos fatos ao longo dos periódicos. Todo esse processo se justifica à medida que o jornalismo, considerado uma prática de interesse e importância social, deve atender às necessidades e expectativas da sociedade, que tem como direito a informação de qualidade. O material que serve como suporte de análise vem sendo extraído diariamente dos periódicos Diário de Natal e Tribuna do Norte, de setembro de 2004 a junho de 2005, através de clipping. Análises de caráter quantitativo são executadas, levando-se em consideração o espaço concedido pelos meios impressos à área da Educação. Esse material dará respaldo à análise qualitativa, no qual se inclui a análise de discurso. Linha editorial, posicionamento dos meios em questão mediante os fatos abordados, encadeamento dos fatos ao decorrer do texto, vozes do discurso e desdobramento dos acontecimentos expostos são os elementos que norteiam essa fase do trabalho. A partir dos dados obtidos, que serão trabalhados por meio de investigação e embasamento teórico, será possível estabelecer a relação entre a ação da mídia impressa local e a importância destinada por ela ao tema tratado neste trabalho.

Imagem das pessoas e divulgação de informações falsas no jornalismo local
Por Lady Dayana Silva de Oliveira
A cobertura da imprensa em todas as notícias sejam as que tratem de fatos cotidianos ou que tomam grandes proporções e envolvem personalidades, pressupõe a apuração detalhada das informações. Essa é uma etapa necessária e muito importante do trabalho jornalístico que evita o desencadeamento de escândalos que comprometam a imagem das pessoas envolvidas. O trabalho proposto pretende produzir um estudo do caso ocorrido em 2004 sobre algumas conseqüências da divulgação de informações incorretas ou falsas no jornalismo local a partir da análise do jornal impresso Jornal de Natal, sobre os fatores contribuem para essa falha e como contribuem, e propor uma reflexão sobre o uso da ética no jornalismo. Alguns exemplos nacionais, como o caso da Escola Base que arruinou a vida dos seus proprietários ou, mais recentemente, a polêmica que envolveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, causada por uma matéria publicada em 2004 no jornal The New York Times, sobre a relação do presidente com a bebida alcoólica, são resultados de uma prática jornalística que deixa de lado a pesquisa e a apuração, por interesse ou mesmo falta de organização.


LINGUAGEM MÍDIÁTICA E EDUCAÇÃO INFANTIL: ACENANDO POSSIBILIDADES
Por Sandro da Silva Cordeiro e
Maria das Graças Pinto Coelho
Nas últimas décadas tornou-se evidente no âmbito da Educação Infantil a necessidade do contato infantil com as várias linguagens desenvolvidas pela espécie humana, com vistas a propiciar um desenvolvimento integral desses indivíduos. Essa medida serviria para compreender com maior acuidade a realidade circundante e ampliar o leque de conhecimentos e experiências infantis, conforme as novas demandas impostas pelo mundo contemporâneo. Tais linguagens são evidenciadas a partir de diversas modalidades que não estão limitadas apenas as tradicionais fala e escrita. Gestos, pinturas, músicas, desenhos, mídias são apenas alguns exemplos de portadores de linguagens utilizados com diversas finalidades. Dentre as demonstrações levantadas convém destacar as mídias e, em especial, a televisual, pois agregam em sua constituição diversos elementos que estabelecem a comunicação. O contato e a compreensão dessas várias expressões da comunicação humana permitirão a criança ampliar suas formas de atuação em seu contexto sócio-cultural, com possibilidades de transformação desse lócus, mediante a edificação de significados para suas experiências. Dentro desta ampla discussão, podemos levar em consideração o fato deste contato com o conteúdo televisivo ocorrer desde cedo. Segundo estudos realizados por Pfromm Netto (1998), as crianças têm interesse pela televisão a partir dos seis meses de vida, passando a assistir com maior regularidade a programação por volta dos dois ou três anos de idade. Considerando a urgência no desenvolvimento dessas habilidades pela criança, contemplaremos neste trabalho a linguagem televisual e suas infinitas possibilidades de acesso à informação com perspectivas para a construção do conhecimento em solo educativo, vislumbrando a proposição de um trabalho pedagógico no interior da Educação Infantil. Situaremos esta perspectiva de intervenção nos meandros da cidadania cultural, instância capaz de fornecer as respostas para uma educação que entenda as necessidades do sujeito em sua totalidade, primando pelo contato consciente com os agentes promotores de cultura.

Cinematografando o consumo: quando o público de videolocadoras de Natal – RN cria suas próprias narrativas dos filmes que assistem
Por Jochen Mass Xavier Gomes
Nossa pesquisa visa compreender as percepções do público de cinema no universo das locadoras de filmes na cidade de Natal-RN, através das narrativas elaboradas sobre os filmes que assistem. Nesse sentido, buscamos apreender como o público cria, classifica e interpreta as suas próprias narrativas a partir dos filmes mais alugados no período entre 2003 a 2004. Na pesquisa de campo observou-se que o público que freqüenta as locadoras dá sentidos diversos as suas escolhas fílmicas quando narram seus significados sobre os filmes. Orientando-se na perspectiva teórica de Anthony Giddens, Pierre Bourdieu, Garcia Canclini e outros enfatizaram a necessidade de tomar os consumidores de filmes como atores cognoscitivos e criativos, pois eles não são meros receptáculos, mas sujeitos imaginantes e reflexivos, quando solicitados a falar sobre os filmes. Todavia, a partir dos filmes eles criam outras histórias, não no sentido de uma nova criação, mas contam de outra maneira, de uma forma instigante, perceptiva, reflexiva, emotiva e explicativa. Por essa forma, podemos também, pensar os filmes como aportes para compreender nosso mundo real.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá, Cintia! Parabéns pela iniciativa de divulgação de informações tão relevantes para a atualidade.
    Um grande abraço,
    Néri Olabarriaga

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